quinta-feira, 21 de maio de 2009

fragmento

"(...) Ele sempre pede desculpas, e eu nunca entendo o motivo... acho que é porque ele pensa que fico brava, mesmo eu não estando. Ele nunca responde no dia. E eu nunca atendo na hora. E é de propósito... E quando eu quero ele não pode, e quando ele pode eu que não quero. De propósito também... É assim, complicado... Porque é pouco e só de vez em quando. Ele é aquele para quem você oferece um banquete, digno de todos os talheres e taças; Ele, sem pudor nenhum, come com as mãos, bebe no gargalo, e fica satisfeito logo com a entrada. Ele te leva para casa, mas se perde no caminho. Você faz uma surpresa e na hora ele nem percebe. Mas te conta um mês depois que adorou a surpresa aquele dia. E nunca faz perguntas cujas respostas não quer saber. E ri de todas as minhas piadas... Ri até quando não é piada. E quando quer alguma coisa, me leva para comer um doce, ou então em qualquer lugar onde eu queira ir - e assiste meu tempo (aquele que é quando). Me lê poesia, me leva à vernissages, museus, restaurante... Mas também me leva ao estádio, ao boteco, me leva pra casa no cano da bike... E me pede ajuda quando precisa, e escolhe por mim quando estou indecisa. Sempre diz que eu estou bonita, principalmente quando eu não acho... Aqueles dias em que o cabelo está horrível, o esmalte já lascou, e não deu tempo de fazer maquiagem; quando acabo de acordar, quando tomei toda a chuva de verão... ou depois de horas de skate, ou de pintar uma parede, essas coisas... Diz que nunca pode ir em casa, e quando eu chamo não vai... Escreve coisas de mim e não me deixa ler... Me faz um desenho e perde antes de me entregar... Está sempre calado. Ou cantando. Ou batucando, sonorizando qualquer coisa... é de longe, o menino mais bonito que eu já vi! E o mais sincero também, "sincericida" até eu o chamaria... Mas às vezes faz doce... Diz que sonha comigo, mas não lembra o enredo (duvido!) e quando viaja pra longe parece que volta com saudades urgentes... E vive arrumando pretextos para me levar pra casa dele, e uma vez estando lá, arruma outros tantos para não me deixar sair. Pode ser um filhote de cachorro, um filme antigo, a música nova ou o quadro velho, tanto faz... Me diz, como que querendo me ensinar, que amores antes de qualquer coisa, são amigos (...)"

(continua...)

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