segunda-feira, 4 de maio de 2009

desconexas

Não quero escrever.... Não queria escrever agora... Eu nem gosto tanto assim de escrever, é mais uma necessidade. Como já disse uma vez, as palavras que me ocorrem têm peso, e eu preciso me livrar delas... Agora por exemplo: que peso infinito!!! E o pior é que não consigo ao menos organizar essas palavras, vou só escrevendo, vendo as letras enchendo o espaço branco da tela do computador, desconexas, assim como as minhas idéias. Que coisa mais louca... Escrever sem querer, sem gostar e ainda por cima sem ter propriamente o que escrever! Nenhuma história para contar... Nem meus versos, nem minhas rimas. Só essa prosa que sobra do dia... Eu vivo um dia... Um dia vivido é diferente de um dia pensado. Um dia pensado precisa sair, precisa de alguma forma existir, porque pesa muito. Um dia pensado, nem sempre foi pensando no dia que foi vivido. Não, na maioria das vezes não foi mesmo. E talvez seja por isso que pese tanto, como pesa o dia pensado de hoje agora. Estou com frio prá variar... O teclado essa hora é gelado, além disso minhas mãos também estão cansadas, de um dia inteiro vivido, a escrever coisas a esmo em outros teclados, talvez menos gelados, mas também menos meus, e menos minhas ainda eram as coisas que eu ia escrevendo horas a fio... Engraçado que aquelas palavras todas, que não eram minhas, não eram história, nem verso, nem rima, faziam sentido. E não tinham peso nenhum... Logo eu, tão cheia de palavras próprias, escrevendo palavras dos outros e para os outros, e fazendo-me entender e ser entendida... Palvras em outras línguas, quando eu não compreendo a minha... Agora, o vento entra pela janela e vem direto na minha nuca. Gelado. Como meu teclado a essa hora. Estou com sono também... Mas é só deitar que o peso de todas as palavras pensadas, não registradas, dobra. Triplica! E então piora tudo, porque ao invés de dormir, eu junto mais palavras, que no escuro não podem ser escritas, mal podem ser lidas por mim mesma ainda na idéia, e vão só fazendo peso... Elas ficam dançando, combinando-se umas com as outras e também descombinando. Parecem rir de mim... Parecem rir por eu não conseguir por ordem na minha própria criação...Levanto e pego um caderno. Minto, levanto e pego um livro. Mas quem consegue ler quando tudo que precisa é escrever? Pego o caderno... Leio umas coisas antigas, de repente dá vontade de rasgar tudo, jogar tudo fora... Mas não, não vou fazer isso de novo... O peso das palavras ficou maior depois que desfiz de algumas mais velhas, vai ver elas voltam mais pesadas mesmo. E escrevo... Escrevo então até a mão doer, até os olhos começarem a fechar, até as palavras pararem de dançar e começarem a faltar. E quando me dou conta, perdi o sono. Mas ele volta... Há de voltar, amanhã, lá pelas 11 e tanto, quando eu estiver ocupada demais vivendo para poder pensar nele. Queria ser igual... Ser igual a alguma coisa que não sei bem, mas que me soa normal. Poder dormir na hora de dormir, ter fome na hora de almoçar, sei lá, essa normalidade toda comum da vida. Mas não sou. Eu "pauso" a música para descer do ônibus. Eu sinto mais calor quando faz frio. Eu esqueço de almoçar. Eu passo noites em claro a tagarelar comigo mesma, sem assunto! Eu converso com gatos na rua, e acho que eles fogem à normalidade também, porque me respondem! Tem uns até que me seguem e eu elaboro planos incrivelmente complexos para despistá-los... Outra noite mesmo, teve um que me chamou. Eu parei, ele roçou. Falei com ele e ele miou. Eu disse tchau, e comecei a ir embora, mas ele me escalou! Sim, escalou, subiu pela minha perna com suas garrinhas de gato siamês e veio parar no meu colo. Eu teria roubado ele para mim, afinal, foi ele quem deu essa idéia. Mas não tinha para onde levá-lo... E também teve a vez que eu chamei um, vieram dez... E eu tive que sair correndo... É, eu gosto de gatos. Mas acho que antes de eu gostar deles, eles me gostam também. Se eu tivesse um gato, quem sabe, eu poderia conversar com ele ao invés de escrever... Os cachorros não tem paciência. Eles querem sempre comer, ou passear, ou sentar aonde você está, ou então que a gente fique com a mão neles... Eles querem tudo, e principalmente querem dar amor. Aquele amor besta de cachorro, fácil e gratuito. Os gatos não dão nada. Também não pedem nada. A não ser que realmente queiram, mas na maior parte do tempo eles se bastam. Com quem será que eles conversam? Será que eles conversam? Não sei... Por hora, cansei da tela, cansei dos gatos, cansei do sono. Vou pintar as unhas de pink e escolher uma roupa para vestir amanhã...

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