Sexta precisei de um namorado,
Sábado de um sapato novo,
Domingo de um tricot preto...
Tudo me foi dado.
Segunda precisei de qualquer coisa que não tinha
sem saber o que era, continuei precisando...
E não senti o cheiro da chuva chegando,
e me molhei, e dormi, e sonhei...
Hoje é terça; preciso de livros novos
que os meus velhos já não me servem mais
mesmo os que ainda não li...
Preciso ressucitar um poeta morto
ou algum suicidado
um amigo assassinado
Pra me dizer coisas novas,
cantar alguma coisa incendiada,
recitar uma poesia malacabada,
contar as novidades do além,
essas coisas...
Eu não quero, eu preciso...
E se eu não tenho, invento outra,
mas querer não é comigo...
Só querer é muito pouco,
dá uma idéia de não ter...
Quem muito quer, muito fica sem.
Eu preciso logo,
que precisar é quase ser.
Se eu não tiver, posso morrer.
Mas não morro assim tão cedo,
que de não ter não morre ninguém.
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