sexta-feira, 30 de abril de 2010

"QUEM AMA SOFRE.
QUEM NÃO AMA SOFRE MAIS!"

quarta-feira, 28 de abril de 2010

you can all just kiss off into the air



they'll hurt me bad but I won't mind
they'll hurt me bad they do it all the time...

" Nem acredites se pensas que te falo: palavras são meu jeito mais secreto de calar'"

(Lya Luft)


Rifa-se um coração (quase novo)

Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas paraquem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

(Clarice Lispector)

terça-feira, 27 de abril de 2010

would you fly me to the full moon tonight? please...


(BINHO RIBEIRO)

é... o mundo gira-gira...

mas hoje girou mais rápido...

Hoje foi dia da caça.
Caçador estava tonto, de tanto o mundo girar...
Saiu para caçada certa
E engatilhou sem antes mirar...
A caça, que tinha saído só para tomar um ar,
avistou antes o caçador e pensou:
- É hoje que eu vou me vingar!
O caçador, pensava na frente, no tiro que ia acertar
Mas mundo gira, e girou depressa
trocando os dois de lugar...
Hoje a caça foi dormir tranquila
E o caçador sem jantar!

vou dormir




- Me acorda?

Ela escreve enquanto ele não dorme
Só não dorme porque a música não deixa

Ele não dorme enquanto ela escreve
E só escreve porque o verso não a deixa

Dorme, dorme, durma bem...
"...e durma cedo querido
que é pra haver tempo de sonhar comigo"
(também)








domingo, 25 de abril de 2010

MUSA IMPASSÍVEL

(Victor Brecheret)


Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho, e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.

Em teus olhos não quero a lágrima; não quero
Em tua boca o suave o idílico descante.
Celebra ora um fantasma angüiforme de Dante;
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.

Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa;
A rima cujo som, de uma harmonia crebra,
Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe limpa e viva;

Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos,
Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,
Ora o surdo rumor de mármores partidos.

II

Ó Musa, cujo olhar de pedra, que não chora,
Gela o sorriso ao lábio e as lágrimas estanca!
Dá-me que eu vá contigo, em liberdade franca,
Por esse grande espaço onde o Impassível mora.

Leva-me longe, ó Musa impassível e branca!
Longe, acima do mundo, imensidade em fora,
Onde, chamas lançando ao cortejo da aurora,
O áureo plaustro do sol nas nuvens solavanca.

Transporta-me, de vez, numa ascensão ardente,
À deliciosa paz dos Olímpicos-Lares,
Onde os deuses pagãos vivem eternamente,

E onde, num longo olhar, eu possa ver contigo,
Passarem, através das brumas seculares,
Os Poetas e os Heróis do grande mundo antigo.


VÊNUS

Branca e hercúlea, de pé, num bloco de Carrara,
Que lhe serve de trono, a formosa escultura,
Vênus, túmido o colo, em severa postura,
Com seus olhos de pedra o mundo inteiro encara.

Um sopro, um quê ele vida o gênio lhe insuflara;
E impassível, de pé, mostra em toda a brancura,
Desde as linhas da face ao talhe da cintura,
A majestade real de uma beleza rara.

Vendo-a nessa postura e nesse nobre entono
De Minerva marcial que pelo gládio arranca,
Julgo vê-la descer lentamente do trono,

E, na mesma atitude a que a insolência a obriga,
Postar-se à minha frente, impassível e branca,
Na régia perfeição da formosura antiga.

Francisca Júlia, em "Mármores" (1895)

ps:

"não chama adivinhar, quando a gente já sabe
e é tamanha saudade, que aqui já nem cabe"

cai cai balão

ainda da noite de São Jorge...

(ou da noite dos gatos ruivos)

não sei se em sombra ou de perfil,
antes, o primeiro gato ruivo me viu
de longe, pôs-se a me observar
e sem fazer nada
fez-se notar

sustentou olhar
quase sorriu
ensaiou se aproximar
discreto, fugiu

o segundo, quietinho
chegou-se mansinho
bem de pertinho

correu para o meio da rua
lá, onde não se via a lua
me olhou
e fugiu


sexta-feira, 23 de abril de 2010

+ CALMA

(CALMA)

"L’amour physique est sans issue"


Capital da Dor / Capitale de la Douleur

Teu olhar faz a volta do meu coração,
Uma roda de dança e de doçura,
Auréola do tempo, berço noturno e seguro,
E se não sei mais o que tenho vivido
É porque teus olhos nem sempre me enxergaram.

Folhas do dia e musgo do rocio,
Caniços do vento, sorrisos perfumados,
Asas que cobrem o mundo de luz,
Barcos carregados de céu e mar,
Caçadores de ruídos e fontes de cores.

Aromas nascidos de uma ninhada de auroras
Que sempre jaz sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos puros
E o meu sangue todo flui nos olhares deles.

*

La courbe de tes yeux fait le tour de mon coeur,
Un rond de danse e de douceur
Auréole du temps, berceau nocturne et sûr,
E si je ne sais plus tout ce que j'ai vécu
C'est que tes yeux ne m'ont pas toujours vu.

Feiulles de jour e mousse de rosée,
Roseaux du vent, sourires parfumés,
Ailes couvrant le monde de lumière,
Bateaux chargés du ciel e de la mer,
Chasseurs de bruits et sources des coulers,

Parfums éclos d'une couvée d'aurores
Qui gît toujours sur la paille des astres,
Comme le jour dépend de l'innocence
Le monde entier dépend de tes yeux purs
E tout mon sang coule das leurs regards.

(Paul Eluard, 1926)


Saravá São Jorge Guerreiro!


Reina de Copas


o Poder, o Mundo e o Amor

Disse o Poder ao Mundo... Sois meu!
E o mundo o aprisionou em seu trono.
Disse o Amor ao Mundo... Sou teu!
E o Mundo lhe abriu todas as suas portas...

(Tagore, 1913)
"Solve et Coagula"

quarta-feira, 21 de abril de 2010

ainda Transa...

You don't know me
Bet you'll never get to know me



"Eu você nos dois, já temos um passado meu amor
Um violão guardado, aquela flor
e outras mumunhas mais"

It's a long way

Os olhos da cobra verde
Hoje foi que arreparei
Se arreparasse a mais tempo
Não amava quem amei

terça-feira, 20 de abril de 2010

ah, o amor...

na próxima ida à Pinacoteca, esta foto terá legenda....

pica fumo







IMPULSO / ou "de como parar o vento e olhar pra dentro"

.
"Eram duas ventarolas
.
Ventando no (m)ar
.
Uma era Iansã, Eparrei
.
A outra era Iemanjá, Odociá"
.
.



segunda-feira, 19 de abril de 2010

o soneto que ainda espera, mas só até essa noite...

Pense bem, aventureiro,
Que já não posso mais com você...
Hoje tem gira no meu terreiro
É dia de festa lá no Ilê

Um caboclo sem nome nem rumo
Só espera chegar o anoitecer
Pra me pôr de volta no prumo
Cortar caminho pra te esquecer

Antes disso, não desito:
Deixo aqui esse registro,
Quem sabe você não lê?

Se não quiser virar memória,
Ou capricha nessa história
Ou nunca mais vai me ver!

o amor não dá futuro

"Quem diz que ama nunca sabe o que é o amor
Amar jurando nunca foi jurar amando
É por isso que eu juro
Que o amor não dá futuro"

(Noel Rosa)

o sapatinho ideal...

domingo, 18 de abril de 2010

De babado sim, meu amor ideal, sem babado não...

Quando andei pela Bahia
Pesquei muito tubarão,
Mas pesquei um bicho um dia
Que comeu a embarcação.
(Não era peixe, era dragão!)



no colors anymore!




"I look inside myself and see my heart it's black"

Ace of Cups

5:55

Um amor que fique...

Quero um amor que fique
Até quando eu for embora
Que esqueça de dormir
Que pra sempre seja agora
Que eu não sei quando partir
Mas sei que não demora
E que esse dia me deixe ir
Sozinha, estrada afora...

sábado, 17 de abril de 2010

Rosa Murcha

"Esta rosa desbotada
Já tantas vezes beijada,
Pálido emblema de amor;
É uma folha caída
Do livro da minha vida,
Um canto imenso de dor!
(...)
Oh! esta flor desbotada,
Já tantas vezes beijada,
Que mistérios não tem!
Em troca do seu perfume
Quanta saudade resume
E quantos prantos também!"

(Casimiro de Abreu, 1855)

quase noite, quase lua


Mistério / Ansiedade / Realidade / Desilusão

(Eugenio Latour, 1928)
é a ordem natural das coisas...
"não revele o que viu permaneça na imagem"
(Oráculo de Dodona /da hora em que não sabíamos nada uns dos outros)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Os Três Mal Amados

Joaquim:

"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."

(João Cabral de Melo Neto)

o soneto "fora de hora"

ele, que não dormia nos meus versos
a prosa que jurei nunca mais escrever
as rimas que tanto tentei esquecer
que me narrava em contos dispersos...

que rumo será que tomou?
que agora está em toda parte
onde eu olho, vejo sua arte
e ele longe, onde não vou

e eu que tinha esquecido
das músicas ao pé do ouvido
ligo o som, e hoje ele canta

e o que já estava entendido,
mão do jogo dado por perdido
admito, ainda me encanta...


porque quando olhei no relógio esqueci da hora...

terça-feira, 13 de abril de 2010

(ain)da fé

e para a "parte animalesca"

empresto as palavras dela:


"Arrepio-me toda ao entrar em contato físico com bichos ou com a simples visão deles. Os bichos me fantasticam. Eles são o tempo que não se conta. Pareço ter certo horror daquela criatura viva que não é humana e que tem meus próprios instintos embora livres e indomáveis. Animal nunca substitui uma coisa por outra.
(...)
Às vezes eletrizo-me ao ver bicho. Estou agora ouvindo o grito ancestral dentro de mim: parece que não sei quem é mais a criatura, se eu ou o bicho. E confundo-me toda. Fico ao que parece com medo de encarar instintos abafados que diante do bicho sou obrigada a assumir.
(...)
Nada existe de mais difícil que entregar-se ao instante. Esta dificuldade é dor humana. É nossa. Eu me entrego em palavras..."

(Clarice Lispector)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

preciso ou precioso (ou "da parte doce")

o que poderia ser
de mais sincero
puro e simples
preciso ou precioso
e tão próximo
ao alcance
que a luz de uma vela
e apenas uma
clareasse,
e equilibrasse?

quando tudo é dúbio
e toda dúvida é o dobro
aposto no absurdo
e me absorvo

sou líquida, sim
mas duas, sou mais
num cio sem fim
sou tua, ou mais
sou todas de mim

brisa, tomei coragem
fiz-me furacão
vôo cada vez mais alto
e finco o pé no chão

tão logo,
sou fogo
me queimo...
e em brasa
volto a ser água...
sozinha
e só minha
me afogo

domingo, 11 de abril de 2010

SEMPRE

"Sempre

quando os ventos palpitam nas minhas mãos

ouço meu sangue

e tua voz

numa única pulsação."



Carmi, Túvia (1925) - tradução Cecília Meireles

sexta-feira, 9 de abril de 2010

de nós

(...)

O sol a rir…Vivalma…Não esboço
Um gesto que me não sinta esvaecer…

As tuas mãos tacteiam-me a tremer…
Meu corpo de âmbar, harmonioso e moço,
É como um jasmineiro em alvoroço
Ébrio de sol, de aroma, de prazer!

Cerro um pouco o olhar, onde subsiste
Um romântico apelo vago e mudo
– Um grande amor é sempre grave e triste.

(...)


Florbela Espanca, em "Toledo"

quarta-feira, 7 de abril de 2010

E de poesia de amor?


"nave
ave
moinho
e tudo mais serei
para que seja leve
meu passo
em vosso caminho"



(de "Tô só" - Hilda Hilst, em "Trovas de muito amor para um amado senhor")

Baby it's cold outside...

Será que a sorte virá num realejo?







"Os opostos se distraem
Os dispostos se atraem"

Ás de Espadas


terça-feira, 6 de abril de 2010

da fé

“Esperança é como o girassol que à toa se vira em direção ao sol. Mas não é à toa: virar-se para o sol é um ato de realização de fé”.

Lispector


.
“Salve salve deusa musa
Teu vermelho de sangue quente
Tua força de cerrar os dentes
Os pulsos abertos
Derramando trovoadas
A magnética luz
Das entranhas do céu
Rebolas impassível
Sob o filete rubro
Dos amores rasgados”.

(Vitor Carmezim)

.

mar doce lar

respirar
debaixo d'água
devagar

não tem segredo
devagar, devagar
não precisa ter medo
respirar, respirar

ah, que eu não subo!
não tão cedo!

do azul, faço o cenário
do silêncio, um enredo

respirar
sem pensar
como se lá em casa
fosse o fundo do mar...

e o mundo gira-gira...

a tal moça bonita
me cobriu com seu manto
e qual a palavra escrita
disfarçada ali no canto

(lida, relida
esquecida!)
me encoraja a arriscar
protegida por ela
em um novo caminhar

e hoje não é amarela

a pétala no travesseiro
vinda d'água de cheiro
pros sonhos perfumar

domingo, 4 de abril de 2010

"Poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina."

(Manoel de Barros)

sábado, 3 de abril de 2010