Um barco navega, sonhando, contente,
Na tarde de julho - e o sol, complacente,
O mar ilumina em fulgor resplendente...
Crianças felizes, na praia abrigadas,
Num grupo de três, a escutar, encantadas,
Um simples relato de lendas douradas...
Desbotam memórias a cada arrebol
Dos ecos arcanos de antigo farol -
As geadas do inverno mataram o sol!...
O fantasma de Alice assombra-me ainda,
Debaixo dos céus se movendo - tão linda!
Na terra invisível de sonhos infinda...
Somente crianças, ao ouvirem a história,
Com olhos ansiosos, atentos à glória,
Percebem o ouro no meio da escória...
E fazem seus ninhos na Terra Encantada,
Sonhando de dia e na noite estrelada
Com mortos verões transformados em nada...
E ao serem jogadas na estranha corrida
É a mensagem dourada afinal pecebida:
Que a vida é um sonho e que o sonho é a vida!...
(essa poesia fecha "Alice no País do Espelho" de Lewis Carroll, 1871)
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