quinta-feira, 2 de abril de 2009

Acerca de mis (en)sueños


O título em espanhol, eu explico: é que a palavra "ensueño" não tem tradução em português (apesar de alguns citarem, e eu escrever por vezes ensonho). Mas é a palavra específica que descreve o processo de sonhar, em espanhol. Porém ensueño não é o processo de qualquer sonhar. Alguns descrevem o ensueño como o "sonho lúcido", que é quando o sonhador percebe-se sonhando. Acontece quando no meio de um sonho, nota-se que o que está sendo vivido não faz parte da realidade física, e sim de um sonho. À partir daí, existem diversos estudos sobre o sonho lúcido, e várias técnicas para ter o controle dos sonhos, uma vez que o sonhador sabe estar sonhando, e não há nada de extraordinário nisso, qualquer um é capaz de fazer, mas não é sobre isso que venho falar, já que acredito que o ensueño faça parte do incognoscível*.

O ensueño é mais que um sonho lúcido... O ensueño é também quando você sabe (de alguma forma) que o sonho da noite passada não foi só mais um sonho... Ele aconteceu (em algum lugar) de verdade.

O ensueño é para mim a única explicação para alguns sonhos que eu tenho desde criança... É muito estranho, por exemplo, quando você chega num lugar onde certamente nunca esteve, e se lembra dele. E não é uma lembrança vaga, ou uma semelhança com qualquer coisa.E é aquele lugar, daquele sonho. Pior ainda, é quando você conhece uma pessoa, e se lembra também que já a conhecia, de outro sonho!

Sei que muita gente vai se estranhar, outros vão achar que é mentira, mas isso acontece muito comigo! Desde criança... mais com lugares do que com pessoas... mas é fato, eu me lembro de coisas que não vivi propriamente, mas que (en)sonhei. Que eu acreditava que existirem somente nos sonhos, mas que existiram na vida... Eu mesma me assustava um pouco no começo, mas devido a frequência estou me acostumando a essa sensação. Mas ainda me corre um frio na espinha qunado "re-conheço" algum lugar... E confesso que quando acontece com pessoas ainda me assusta muito... Como é que pode? Não sei; mas pode!

Não sei se essas pessoas também se lembram de mim, acredito que não. E vou continuar sem saber, tenho vergonha de perguntar. Tenho vergonha de (en)sonhar. Tenho vergonha de dizer algo que não saberei explicar. Não gosto da cara me olham quando eu falo disso. Talvez seja por isso que eu estou escrevendo, já que sinto uma imensa necessidade de compartilhar essa estranheza, ao menos aqui, as pessoas vão ler, pensar o que quiserem e eu não precisarei ver suas expressões...

E apesar de tudo eu gosto de (en)sonhar...
Ps: o ensueño pode ser intencional, mas não é o meu caso... De propósito, eu nunca consegui...


*O desconhecido torna-se o conhecido em um dado momento. O incognoscível, por outro lado, é o indescritível, o impensável, o inconcebível, é algo que jamais será conhecido por nós, e ainda assim está ali, fascinando e ao mesmo tempo horrorizando em sua vastidão. As possibilidades humanas pertencem ao desconhecido. Não são aquilo que somos capazes de escolher, mas aquilo que temos capacidade de atingir. "

(me utilizei da descrição de Don Juan Matus para o nagual**, em "O Fogo Interior" de Carlos Castaneda, para brevemente explicar o incognoscível)


Estamos cercados pelo infinito!


** outro dia escrevo ou cito alguma coisa sobre o nagual e o tonal

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