terça-feira, 28 de dezembro de 2010
do Amor
que o meu amor não tem tempo
embora às vezes passe da hora
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Canção do Desajuste
E me encontro mais uma vez
Perdida da minha razão
No soberano Reino d'Água
Maré cheia do coração
Mergulho em mistérios fluidos
Procurando minha imagem
No reflexo qualquer
De um espelho náufrago
Que repousa no fundo
Limite da contramão
E volto à tona pra respirar
Por enquanto...
Que ainda não me deixo ancorar
Arrastada pela minha própria correnteza
Que nem eu sei onde vai dar
Espero boiando um cavalo marinho
Que passe e me aponte a direção
Montado por um Príncipe D'Água
Que venha prender meu pé no chão...
(porque hoje tirei um Rei de Copas)
2 X aR²
Meu corpo todo, líquido, te anseia
Teu silêncio me cala a boca
Tuas não respostas
Me deixam surda a tudo que sobra
E assim eu te sinto só...
E ajo por instinto... só
(sinto muito ter de fazer palavras disso tudo, para tentar explicar o que não tem explicação)
Sinto as gotas gordas de chuva
Caírem pesadas na palma da minha mão
(sinto sempre o teu olhar na minha direção)
É assim quando nem o ar quente da noite
Aquece frio de solidão
Então, não me derreto,
Faço a lua de amuleto
Prendo meu cheiro na tua respiração
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Além da hora / A lenda do agora
domingo, 19 de dezembro de 2010
BEL - SAO ( ou "um conto de ar")
XX
mais uma vez o ar,
quem me dá a direção
- que veio agora soprar?
e da escrita que urge,
o que cada letra esconde?
cada palavra que surge
e se perde, vai pra onde?
(não importa qual questão
o vento nunca responde:
- vem de sopro a solução)
não mais caio em aflição:
- vento, és meu caminho,
flutuo leve, sem direção!
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
pedindo axé (ou 4, 3, 2, 1...)
Odé, me segura, firma meu pé no chão!
Oraiêiêô Oxum, acalma meu coração!
Patakori Ogum! dai-me força, pra tanta transformação...
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
domingo, 5 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
à dor!
que só eu é que sinto dor
tem dias que a dor
que não dói no mundo
me sente e me segue
e eu a acolho
porque aqui ela cabe
(eu a encolho)
encolhida, ela se enrosca
e dorme...
adormecer toda a dor
que acorda no mundo
nem dói...
fecho os olhos, e choro
deixo as lágrimas que revelem
o que minha dor constrói
sábado, 27 de novembro de 2010
o soneto que não queria ser escrito
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
XVII
"A menina realiza sua tarefa com calma, concentrada, observada por uma ave pousada sobre um galho de uma árvore. Está em contato consigo mesma, com sua natureza, com sua vitalidade com um pé no rio e outro na terra, iluminada pela Estrela. O Espírito Sublime que nos guarda; Luz Imaterial que nos cerca; bússola incompreensível para a lógica; mapa para além de todas as fórmulas.
A menina realiza uma Alquimia Espiritual."
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Brinde no banquete das musas
poesia, canção suicida,
poesia, que recomeças
de outro mundo, noutra vida
Deixaste-nos mais famintos,
poesia, comida estranha,
se nenhum pão te equivale:
a mosca deglute a aranha.
Poesia sobre os princípios
e os vagos dons do universo:
em teu regaço incestuoso,
o belo câncer do verso.
reintegra a essência do poeta,
e o que é perdido se salva...
Poesia, morte secreta.
(Drummond)
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Eu e Ele
"quero é uma verdade inventada"
O que te direi? te direi os instantes. Exorbito-me e só então é que existo e de um modo febril. Que febre: conseguirei um dia parar de viver? ai de mim que tanto morro. Sigo o tortuoso caminho das raízes rebentando a terra, tenho por dom a paixão, na queimada de tronco seco contorço-me às labaredas. À duração de minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios.
O MÍNIMO DO MÁXIMO
espaço rápido,
quanto mais penso,
menos capto.
Se não pego isso
que me passa no íntimo,
importa muito?
Rapto o ritmo.
Espaçotempo ávido,
lento espaçodentro,
quando me aproximo,
simplesmente medesfaço,
apenas o mínimo
em matéria de máximo
(Leminski)
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Soneto do gato morto
Nada existe com mais serenidade
Mesmo parado ele caminha ainda
As selvas sinuosas da saudade
De ter sido feroz. À sua vinda
Altas correntes de eletricidade
Rompem do ar as lâminas em cinza
Numa silenciosa tempestade.
Por isso ele está sempre a rir de cada
Um de nós, e ao morrer perde o veludo
Fica torpe, ao avesso, opaco, torto
Acaba, é o antigato; porque nada
Nada parece mais com o fim de tudo
Que um gato morto.
(Vinicius de Moraes)
Elegia para o Gato Morto
no mais fundo de si, já revirados,
e os bigodes suspensos pelo grito
que alvoroça as pombas nos telhados,
e com o céu da boca, se aflito,
mesmo à beira do fim, agoniado,
e o pêlo sedoso, tão esquisito,
de súbito a ficar amarrotado,
na procura apressada de outra vida
renascida das sete que viveu,
que não vê, não encontra, pois perdida
como alma penada lá no céu
dos gatos: foi assim, quase descrente,
que vi o gato morto, de repente.
(Domingos da Mota)
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
IYAMI AKÒKO
“Oxum, mãe de clareza
Graça clara
Mãe de clareza.
Enfeita seu filho com bronze
Fabrica fortuna na água
Cria crianças no rio.
Brinca com seus braceletes
Colhe e acolhe segredos...
Fêmea força que não se afronta
Fêmea de quem macho foge.
Na água funda se assenta profunda
Na fundura da água que corre.
Oxum do seio cheio
Ora Ieiê, me proteja
És o que tenho
– Me receba”.
(Risério;1996:151)
Canção (outra)
nem a dos homens amada;
nem a que sonhava o artista
em cujas mãos fui formada.
Talvez em pensar que exista
vá sendo eu mesma enganada.
Quando o tempo em seu abraço
quebra meu corpo, e tem pena,
quanto mais me despedaço,
mais fico inteira e serena.
Da virtude de estar quieta
componho o meu movimento.
Por indireta e direta,
perturbo estrelas e vento.
Sou a passagem da seta
e a seta, ― em cada momento.
Não digas aos que encontrares
que fui conhecida tua.
Quando houve nos largos mares
desenho certo de rua?
E de teres visto luares,
que ousarás contar da lua?
(Cecília Meireles)
domingo, 7 de novembro de 2010
Adivinhação
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
da sombra
domingo, 31 de outubro de 2010
cruzado (ou "cruzando a linha das senhoras")
sábado, 30 de outubro de 2010
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
da carne
O que é a carne? O que é esse Isso
Que recobre o osso
Este novelo liso e convulso
Esta desordem de prazer e atrito
Este caos de dor dobre o pastoso.
A carne. Não sei este Isso.
O que é o osso? Este viço luzente
Desejoso de envoltório e terra.
Luzidio rosto.
Ossos. Carne. Dois Issos sem nome.
(Hilda Hilst - Da Noite)
Evolução
tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...
Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paúl, glauco pascigo...
Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...
Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.
(Antero de Quental, in "Sonetos")
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
os meninos
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que vazios são maiores
e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira.
Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagebs com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
o menino fazia prodígos.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.
CANÇÃO DO VER
Por viver muitos anos
dentro do mato
Moda ave
O menino pegou
um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava
as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam.
As coisas todas inominadas.
Água não era ainda a palavra água.
Pedra não era ainda a palavra pedra. E tal.
As palavras eram livres de gramáticas e
Podiam ficar em qualquer posição.
Por forma que o menino podia inaugurar.
Podia dar as pedras costumes de flor.
Podia dar ao canto formato de sol.
E, se quisesse caber em um abelha, era só abrir a palavra abelha
e entrar dentro dela.
Como se fosse infância da língua.
("Poemas Concebidos Sem Pecado - Manoel de Barros)
Bahia de Todos os Santos e de Quase Todos os Pecados
Bahia de Todos os Santos (e de quase todos os pecados)
casas trepadas umas por cima das outras
casas, sobrados, igrejas, como gente se espremendo pra sair num retrato de revista ou jornal
(vaidade das vaidades! diz o Eclesiastes)
igrejas gordas (as de Pernambuco são mais magras)
toda a Bahia é uma maternal cidade gorda
como se dos ventres empinados dos seus montes
dos quais saíram tantas cidades do Brasil
inda outras estivessem para sair
ar mole oleoso
cheiro de comida
cheiro de incenso
cheiro de mulata
bafos quentes de sacristias e cozinhas
panelas fervendo
temperos ardendo
o Santíssimo Sacramento se elevando
mulheres parindo
cheiro de alfazema
remédios contra sífilis
letreiros como este:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo
(Para sempre! Amém!)
automóveis a 30$ a hora
e um ford todo osso sobe qualquer ladeira
saltando pulando tilintando
pra depois escorrer sobre o asfalto novo
que branqueja como dentadura postiça em terra encarnada
(a terra encarnada de 1500)
gente da Bahia! preta, parda, roxa, morena
cor dos bons jacarandás de engenho do Brasil
(madeira que cupim não rói)
sem rostos cor de fiambre
nem corpos cor de peru frio
Bahia de cores quentes, carnes morenas, gostos picantes
eu detesto teus oradores, Bahia de Todos os Santos
teus ruisbarbosas, teus otaviosmangabeiras
mas gosto das tuas iaiás, tuas mulatas, teus angus
tabuleiros, flor de papel, candeeirinhos,
tudo à sombra das tuas igrejas
todas cheias de anjinhos bochechudos
sãojões sãojosés meninozinhosdeus
e com senhoras gordas se confessando a frades mais magros do que eu
O padre reprimido que há em mim
se exalta diante de ti Bahia
e perdoa tuas superstições
teu comércio de medidas de Nossa Senhora e de Nossossenhores do Bonfim
e vê no ventre dos teus montes e das tuas mulheres
conservadores da fé uma vez entregue aos santos
multiplicadores de cidades cristãs e de criaturas de Deus
Bahia de Todos os Santos
Salvador
São Salvador
Bahia
Negras velhas da Bahia
vendendo mingau angu acarajé
Negras velhas de xale encarnado
peitos caídos
mães das mulatas mais belas dos Brasis
mulatas de gordo peito em bico como pra dar de mamar a todos os meninos do Brasil.
Mulatas de mãos quase de anjos
mãos agradando ioiôs
criando grandes sinhôs quase iguais aos do Império
penteando iaiás
dando cafuné nas sinhás
enfeitando tabuleiros cabelos santos anjos
lavando o chão de Nosso Senhor do Bonfim
pés dançando nus nas chinelas sem meia
cabeções enfeitados de rendas
estrelas marinhas de prata
tetéias de ouro
balangandãs
presentes de português
óleo de coco
azeite-de-dendê
Bahia
Salvador
São Salvador
Todos os Santos
Tomé de Sousa
Tomés de Sousa
padres, negros, caboclos
Mulatas quadrarunas octorunas
a Primeira Missa
os malês
índias nuas
vergonhas raspadas
candomblés santidades heresias sodomias
quase todos os pecados
ranger de camas-de-vento
corpos ardendo suando de gozo
Todos os Santos
missa das seis
comunhão
gênios de Sergipe
bacharéis de pince-nez
literatos que lêem Menotti del Picchia e Mário Pinto Serpa
mulatos de fala fina
muleques
capoeiras feiticeiras
chapéus-do-chile
Rua Chile
viva J. J. Seabra morra J. J. Seabra
Bahia
Salvador
São Salvador
Todos os Santos
um dia voltarei com vagar ao teu seio moreno brasileiro
às tuas igrejas onde pregou Vieira moreno hoje cheias de frades ruivos e bons
aos teus tabuleiros escancarados em x (êsse x é o futuro do Brasil)
(Gilberto Freyre)
terça-feira, 26 de outubro de 2010
fluida
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
da noite
(Clarice Lispector)
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
do branco
Agô, que eu vou chegar! Agô, que eu quero entrar!
Do lado de cá é outra história...
Onde fica meu lugar?
Pra onde eu vou quando acabar?
Pronto começou...
Sei tudo sem aprender nada
O corpo age, enquanto a mente cala
Faz frio, e sinto calor
Tudo vibra...
Como a pele do tambor...
Daqui, já não sinto a energia chegar.
Aqui ela é. Aqui ela está.
Aqui eu sou ela. Parte dela.
Daqui, sinto ela passar.
Por mim.
Me atravessar.
Daqui, sinto.
Aqui, nem sou eu.
Nem meu corpo, mais, é meu.
E ainda assim, sinto.
E me entrego.
Assim, crua.
De branco, e pé no chão.
domingo, 17 de outubro de 2010
A UM CARNEIRO MORTO
Esquartejado, a maldição de Pio
Décimo caia em teu algoz sombrio
E em todo aquele que for seu herdeiro!
Maldito seja o mercador vadio
Que te vender as carnes por dinheiro,
Pois, tua lã aquece o mundo inteiro
E guarda as carnes dos que estão com frio!
Quando a faca rangeu no teu pescoço,
Ao monstro que espremeu teu sangue grosso
Teus olhos - fontes de perdão - perdoaram!
Oh! tu que no Perdão eu simbolizo,
Se fosses Deus, no Dia de Juízo,
Talvez perdoasses os que te mataram!
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Ventania
com suas mãos crepitantes,
seus guizos,
seus adereços de campainhas eóleas.
Dia e noite vagueia pelos parques e pelas ruas,
a ventania
Sacode as alvas roupas que os lavadeiros estendem,
inclina as flores,
levantas folhas secas
alisa a poeira amarela,
açula gatos e cães,
revolve os cabelos dos homens,
incha os imensos véus das mulheres de olhos vítreos,
apalpa as areias, as pedras, as sementes caídas,
espia dentros dos ninhos, brune os pequenos ovos,
tufa a penugem dos pássaros,
balança as plantas,
entontece as árvores:
a ventania.
(Meireles, Cecília)
(obscura)
quis ter a terra, o céu, o mar.
Na minha, há uma delícia obscura
em não querer, em não ganhar...
A tua raça quer partir,
guerrear, sofrer, vencer, voltar.
A minha não quer ir nem vir.
A minha raça quer passar."
(Epigrama, Cecília Meireles)
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
do Destino:
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Demora-te sobre a minha hora.
Que tu me percorras cuidadosa, etérea
Que eu te conheça lícita, terrena
Duas fortes mulheres
Na sua dura hora.
Que me tomes sem pena
Mas voluptuosa, eterna
Como as fêmeas da Terra.
E a ti, te conhecendo
Que eu me faça carne
E posse
Como fazem os homens.
(Hilda Hilst, Da morte. Odes mínimas, 1980)
terça-feira, 5 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
awake ghost song
Is everybody in?
Is everybody in?
The ceremony is about to begin.
Wake up!
You cant remember where it was
Had this dream stopped?
Awake
Shake dreams from your hair
My pretty child, my sweet one.
Choose the day and choose the sign of your day
The days divinity
First thing you see.
A vast radiant beach in a cool jeweled moon
Couples naked race down by its quiet side
And we laugh like soft, mad children
Smug in the wooly cotton brains of infancy
The music and voices are all around us.
Choose they croon the ancient ones
The time has come again
Choose now, they croon
Beneath the moon
Beside an ancient lake
Enter again the sweet forest
Enter the hot dream
Come with us
Everything is broken up and dances.
(Jim Morrison)
terça-feira, 28 de setembro de 2010
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
O Segundo Casamento
(o texto veio daqui)
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Manhãs de Setembro,
aragem fresca
construindo sonhos,
teias de gotas
enfeitando os matos,
perfume verde
a seguir meus passos,
lírios roxos
ponteando as margens
do fio de água
que escorre manso.
E tu E eu!
E a erva tombada
pelos corpos,
os lírios violados
na paixão.
E o céu!
Esse céu azul
sem limite.
O nosso limite.
A nossa eternidade!
(Helena Guimarães)
tempo de lua (cheia)
e todo meu corpo anseia por ela
cresce lua, muda
que o gato já mia na rua
eu, de minha, viro tua
clareia lua, a noite escura
que no teu tempo
processo minha cura
ilumina, lua
torna-me pura
miro a ti, minha'lma nua
puta que pariu
ainda assim, quadras...
(pensamentos dispersos
mal formam palavras!)
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Dona do Ouro
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
domingo, 12 de setembro de 2010
Primavera
- Arca cerúlea de ilusões etéreas,
Chova-te o Céu cintilações sidéreas
E a terra chova no teu seio flores!
Esplende, Primavera, os teus fulgores,
Na auréola azul, dos dias teus risonhos,
Tu que sorveste o fel das minhas dores
E me trouxeste o néctar dos teus sonhos!
Cedo virá, porém, o triste outono,
Os dias voltarão a ser tristonhos
E tu hás de dormir o eterno sono,
Num sepulcro de rosas e de flores,
Arca sagrada de cerúleos sonhos,
Primavera gentil dos meus amores!
sábado, 11 de setembro de 2010
"De repente já estou no fim dos 20
e não tenho nada do que as pessoas costumam ter nessa idade. Tenho planos, claro (todo mundo tem). Mas objetivamente estou sem nada aqui à minha frente. O momento futuro é uma incógnita absoluta. Eu não posso pensar ‘não, daqui a um ano eu vou pro campo ou eu caso ou eu me formo ou eu vou à Europa’. Eu não sei. Fico esperando que pinte alguma coisa, naturalmente. E essa falta de ação me esmaga um pouco."
terça-feira, 7 de setembro de 2010
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Metade
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...
(...)
Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.
E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mimé a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.
Que não seja precisomais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silênciome fale cada vez mais.
Porque metade de mimé abrigo,
mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também...
(Ferreira Gullar)
a morte não existe...
"Um herói nasce quando inimigo vacila. Quando ele comete o maior dos erros: achar que pode acabar com tudo. Mas é nessa hora que ele acaba de fazer tudo começar"
(do filme "BESOURO")
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Quando setembro chegar...
Quando setembro chegar o inverno terá acabado e o amanhecer virá me acordar, apressado.
Não mais haverá folhas secas caídas ao chão, pois as cores, antes tímidas, voltarão em puro êxtase, bailando num festival deliciosamente provocante.
Quando setembro chegar o sol estará pleno, iluminando os mares do meu mundo.
Uma brisa suave teimará em bater de leve em meu rosto, desajeitando meus cabelos úmidos e pesados. Um aroma antigo se fará presente, trazendo consigo a quietude do meu ser.
Quando setembro chegar serei embalada por uma música e por alguns instantes deixarei de respirar. Em órbita, minha razão terá sido arrancada de mim por algo que não pretendo explicar.
Teremos tempestade. Ventania.
Um doce fechar de olhos.
Um meio sorriso preso nos lábios.
Quando setembro chegar correrei ao encontro dos sentidos. Ao abrir uma janela descobriria um novo cheiro, ao escancarar uma porta um novo gosto. Na intimidade de um toque, desvendaria um olhar.
Uma onda de felicidade atingirá todo meu corpo. Alegria em forma de espuma nos pés, contentamento em forma de grãos de areia nas mãos. Não haverá nuvens no meu céu.
Quando setembro chegar eu serei todas as estações do ano…
.
(Ludmila Guarçoni)
terça-feira, 31 de agosto de 2010
azulão
Na gira, quando ela chega, mandam chamar o vento - ora pra soprar pra longe, ora pra ser brisa leve. E quando chega muito aflita, cantam logo o Tempo, pra curar outra interpérie... Tempo, Tempo, Tempo, Tempo... Vez ou outra pra chover de novo, fazer arco-íris, para ela escolher uma cor... Gira ela para um lado, gira para o outro... Ensina a contar certo, sem tropeçar nas vírgulas... Banho de ervas, flores, moedas, búzios, pedrinhas... presentes do Tempo...
Dançam com ela.
Por fora, o que se vê, é só o que o espelho que ela carrega reflete. Assim, doce mesmo...
Por trás da suavidade é que habita o cavaleiro. Com o reflexo do espelho, dissimula o alfange na outra mão. Como que na espreita, de tocaia. E que ninguém acenda sua fúria! Infantaria, linha de frente. Venha o que vier, ele já espera, quente.
O colar dele é o primeiro, e vai cruzado. Depois vem os outros. Os dela, de sempre, e essa noite, escondido, o emprestado. O pano da costa, um dia, também vai atravessado. É dele.
Ela é dele. Está mais que confirmado.
É da guerra por excelência, nunca soube o que era paz. E quando não há motivo, inventa um, tanto faz.
domingo, 29 de agosto de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
costas quentes dentes acesos olhos de espelho cabeça de leão
.
dançando o perigo na ponta do enfeite
estica o caminho quem manda no chão