segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Além da hora / A lenda do agora
Quanto eu não sei de mim? O quanto eu sou esquerda, avessa, contrária e contraditória. Eu podia culpar a lua cheia, as estrelas, a rua, a música, as meninas. Eu podia me desculpar. Eu podia não me culpar também... Mas eu quero tudo e quero mais. Ou mais. E acabo sempre ficando com o "a mais". E tendo cada vez menos. Eu me desfaço, e me recrio. Eu me invento solta... Mas quando tudo acaba, a música pára, a lua se esconde, e a noite esfria, vira madrugada quase dia, a vontade passa, e eu quero o pouco. Aquele pouco que esqueci querendo mais... Quero consistência e calor. Humano. Só. Quero ser levada, se for no colo, melhor. Quero me sentir segura e protegida, para esquecer que sou tão livre assim. Falta que eu me engane um pouco, pro sono poder chegar. Falta que alguém me segure com força, para o mundo parar de rodar. Falta que eu sinta calor, que me desenrosque de quem me abraçar... Para que arrependida, e com frio, eu torne a me enroscar. Mas quero isso sempre, mas sempre pra depois, nunca na minha hora. E o pouco de antes sempre falta. Durmo sem, depois. Quero tudo na hora, mas meu agora vai além. Meu relógio conta um tempo que é só meu, de mais ninguém. E hoje eu acordei pensando...Que eu queria sim, o plano de ontem, só que "embrulhado para viagem..." Pra depois do fim... Ou não...
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