quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Eu e Ele

Ele era o espelho da minha alma. Era eu, e meu oposto. Eu se fosse homem, era ele. Que ele fosse mulher, então era eu. Ele trouxe à tona tudo que eu tinha de mais belo, puro e luminoso... Então, diante da luz, percebi a vastidão da minha sombra - na sombra dele. Eu queria, ele fazia. E se eu não queria, aí que ele fazia o dobro. Ele pensava que eu não sentia, e eu não acreditava que o que eu fazia, nele, doía. Eu não sabia. E ele queria, mas eu fingia, e fugia. Quando eu dizia a verdade, era ele quem me mentia. E quando ele chorava, eu - sem graça, ria. Eu quis tudo, e ele me deu pouco. Ele quis pouco. Eu não dei nada. Ele fazia, porque sabia que eu gostava. E ao invés de agradecer, eu reclamava. O começo partiu dele, mas eu deixei que ele acreditasse que foi de mim. Errado. Ele corrigiu, pondo ele mesmo um fim. E sendo igual eu, deixou que eu pensasse que fui eu quem quis assim. Mas foi sem querer, porque eu não queria, e sei que muito menos ele, que tivesse sido assim. Fomos avessos. O errado pra ele, dava certo pra mim. Tão diferentes e tão iguais. Tão opostos. Tão fatais. O que ele chamou de amor, eu conheci por dor. Da roseira onde sangrei nos espinhos, ele - de graça, arrancou a flor.

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