Aqui a ventania não dorme,
com suas mãos crepitantes,
seus guizos,
seus adereços de campainhas eóleas.
Dia e noite vagueia pelos parques e pelas ruas,
a ventania
Sacode as alvas roupas que os lavadeiros estendem,
inclina as flores,
levantas folhas secas
alisa a poeira amarela,
açula gatos e cães,
revolve os cabelos dos homens,
incha os imensos véus das mulheres de olhos vítreos,
apalpa as areias, as pedras, as sementes caídas,
espia dentros dos ninhos, brune os pequenos ovos,
tufa a penugem dos pássaros,
balança as plantas,
entontece as árvores:
a ventania.
(Meireles, Cecília)
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