"E de longe eu sentia,
que assim como eu,
ele também não dormia...
Sem dúvida eu sabia
que no escuro da noite,
ele também escrevia."
E a madrugada sempre acaba por nos recompensar... Ele, mais com música... com certeza. Eu, mais com palavras - sempre mais palavras, como se eu tivesse que me entender com poucas já... E como se me bastassem! Como se me esquentassem. Como ele, febril, o faz. Fazia, não já faz mais.
"É inverno já, e nem parece.
Porque só eu lembro, enquanto ele esquece?"
Do que um dia eu escrevi, para ele dormir... Do que um dia ele cantou, para meu sono chamar... De tudo o que não foi... Quando é que será? De toda a perfeição que eu vejo e ele não sente, de toda a sincronicidade, da próxima coincidência iminente... Do medo de acabar. Das palavras mutuamente omitidas, por medo de começar.
"que toda história um dia termina, enfim
mas para isso, antes há de começar
e essa nossa tem de ser assim:
mal contada e secreta
sem começo, meio, fim
eu, indo me aquecer na tua febre
e você, voltando a se refrescar em mim"
E que a gente se deite enquanto amanhece, dormindo então nosso sono tardio. Sem sonho. Que eu acorde bem depois, com o som do teu violão vadio... Ou você, com a minha urgência, de fêmea no cio. E façamos de novo nos adormecer...
Fiquemos então assim.
Já que eu não sei por que você veio... Nem você sabe o que quer de mim...
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