Este estranho, que vivo procurando, tempos afora, noites adentro. Este velho conhecido distante, que eu nunca alcanço, pois estou sempre olhando à frente, enquanto ele me persegue. Acho que é ele, o Amor, que me acorda todas as manhãs com o mesmo encanto da primeira, e ainda serve meu café na cama depois do meio dia. E nas noites muito quietas, quando não durmo, me faz companhia em silêncio. E não enxuga minhas lágrimas nem pede que eu não as derrame. Me aceita, com lágrimas e tudo, de onde quer que elas venham. E de alguma forma, me adormece. Que é tão fácil, que eu descreio, e recuso. E de tão simples, eu torno confuso. O Amor... que eu busco sabendo já me encontrou, que ainda espero que venha seja lá de onde for, e que chegue e se anuncie. Então, quem sabe, eu ainda duvide. E continue minha caçada solitária e sem presa. Na eterna espreita de alvo que queria ser flecha.
que o meu amor não tem tempo
embora às vezes passe da hora
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Canção do Desajuste
E me encontro mais uma vez
Perdida da minha razão
No soberano Reino d'Água
Maré cheia do coração
Mergulho em mistérios fluidos
Procurando minha imagem
No reflexo qualquer
De um espelho náufrago
Que repousa no fundo
Limite da contramão
E volto à tona pra respirar
Por enquanto...
Que ainda não me deixo ancorar
Arrastada pela minha própria correnteza
Que nem eu sei onde vai dar
Espero boiando um cavalo marinho
Que passe e me aponte a direção
Montado por um Príncipe D'Água
Que venha prender meu pé no chão...
(porque hoje tirei um Rei de Copas)
2 X aR²
É isso que faz a lua cheia
Meu corpo todo, líquido, te anseia
Teu silêncio me cala a boca
Tuas não respostas
Me deixam surda a tudo que sobra
E assim eu te sinto só...
E ajo por instinto... só
(sinto muito ter de fazer palavras disso tudo, para tentar explicar o que não tem explicação)
Sinto as gotas gordas de chuva
Caírem pesadas na palma da minha mão
(sinto sempre o teu olhar na minha direção)
É assim quando nem o ar quente da noite
Aquece frio de solidão
Então, não me derreto,
Faço a lua de amuleto
Prendo meu cheiro na tua respiração
Meu corpo todo, líquido, te anseia
Teu silêncio me cala a boca
Tuas não respostas
Me deixam surda a tudo que sobra
E assim eu te sinto só...
E ajo por instinto... só
(sinto muito ter de fazer palavras disso tudo, para tentar explicar o que não tem explicação)
Sinto as gotas gordas de chuva
Caírem pesadas na palma da minha mão
(sinto sempre o teu olhar na minha direção)
É assim quando nem o ar quente da noite
Aquece frio de solidão
Então, não me derreto,
Faço a lua de amuleto
Prendo meu cheiro na tua respiração
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Além da hora / A lenda do agora
Quanto eu não sei de mim? O quanto eu sou esquerda, avessa, contrária e contraditória. Eu podia culpar a lua cheia, as estrelas, a rua, a música, as meninas. Eu podia me desculpar. Eu podia não me culpar também... Mas eu quero tudo e quero mais. Ou mais. E acabo sempre ficando com o "a mais". E tendo cada vez menos. Eu me desfaço, e me recrio. Eu me invento solta... Mas quando tudo acaba, a música pára, a lua se esconde, e a noite esfria, vira madrugada quase dia, a vontade passa, e eu quero o pouco. Aquele pouco que esqueci querendo mais... Quero consistência e calor. Humano. Só. Quero ser levada, se for no colo, melhor. Quero me sentir segura e protegida, para esquecer que sou tão livre assim. Falta que eu me engane um pouco, pro sono poder chegar. Falta que alguém me segure com força, para o mundo parar de rodar. Falta que eu sinta calor, que me desenrosque de quem me abraçar... Para que arrependida, e com frio, eu torne a me enroscar. Mas quero isso sempre, mas sempre pra depois, nunca na minha hora. E o pouco de antes sempre falta. Durmo sem, depois. Quero tudo na hora, mas meu agora vai além. Meu relógio conta um tempo que é só meu, de mais ninguém. E hoje eu acordei pensando...Que eu queria sim, o plano de ontem, só que "embrulhado para viagem..." Pra depois do fim... Ou não...
domingo, 19 de dezembro de 2010
BEL - SAO ( ou "um conto de ar")
Avião sempre me deixa estranha. Viagem sempre me deixa estranha, qualquer coisa que se mova demais comigo dentro... Enfim... Estava me acostumando com a iminente estranhez, e me distraindo do vôo (ou tentando). A viagem tinha sido incrível, ainda podia sentir o cheiro de mato em mim. Viajei comigo mesma, e mais, viajei para dentro de mim mesma. Cansada, voltar de madrugada, fila, check-in, fila... "Vou despachar essa malas e comprar alguma(s) coisa(s) passar o tempo..." E falando sozinha, pensando alto (alto demais, talvez) sinto aquele arrepio, quase um frio, que agente sente quando alguém está olhando. E certeira, olho para trás, e encaro os olhos que me fitam. E o frio corre a espinha, frio² agora. Gelado. E então, todo sangue esquenta, de um só jorro, de uma só vez. Talvez, só as mulheres entendam esse sentimento, que está mais para sensação, do que sentimento propriamente. Esse sentir com o corpo... Esqueci que ia voar, esqueci o quanto odeio fila, e esqueci que qeria sair dali. Eu não queria definitivamente sair dali. Nunca mais. Queria ficar ali, segurando aquele olhar para sempre. E vendo tudo ao redor, sem tirar a mira. Eu vi cada detalhe daquele homem que me olhava olhando apenas em seus olhos. Por alguns poucos segundos. E outros que vieram a se repetir depois, incessantemente... Acabou minha fila, chegou minha vez. Rápido. E sem olhar para trás, fui fazer compras! Mulherzinha... Devo ter entrado em todas as lojas do aeroporto, e na última, estou escolhendo uma blusa, distraída, de repente: "- Essa cor fica ótima em você" - Era ele! Nem precisei me virar para saber, outra vez, o saber do corpo. E "ele" era o homem mais bonito que eu já vi. Porque eu já vi muitos meninos bonitos... Mas ele era Homem. Ele era O Homem. Parecia um deus, que não sei qual, ele parecia de sonho, nem parecia real... Ele era diferente, por isso, eu nunca vou me esquecer dele: alto, bem alto, muito forte e moreno. Tatuado. A parte dos braços que ficava à mostra era coberta por tatuagens, que faziam limites com as piores cicatrizes que eu já vi também. Que iam até as mãos. E as mãos eram lindas, e grandes. Impossível não olhar, impossível não encarar. Eu nem tentei... Não me lembro de ter dito alguma coisa. Penso que não. Não me lembro nem de ter sorrido sequer, estava em choque. Não pelas cicatrizes, mas por ele. Por todo ele, com tatuagem, voz grossa, cicatriz, músculos. Pela presença e pela densidade do ar quando ele estava perto. Ele saiu da loja, e as vendedoras comentaram sobre ele, sobre as cicatrizes. "- ...Né?" disse uma delas. Concordei com a cabeça. Eu não conseguia pensar em outra coisa, mal ouvi o que elas disseram. Ele estava no meu vôo. E sobre as cicatrizes, eu só tentava imaginar como ele teria as conseguido. Nas mãoes dele, e aos meus olhos, elas eram um troféu. E se ele era de São Paulo, e estava voltando, ou se era de lá, e estava chegando... E para onde iria, e o que faria, e se teria alguém esperando por ele (eu tinha) e se, e se, e se... Sala de embarque. Café. Ele lia. E agora eu estava nervosa. Voltei para o vôo, e para minha estranhez. Mas agora tinha a estranhez dele. E a "estranhez" da situação, dele me ajudando com as malas, enquanto eu, hipnotizada, fitava sem parar os braços daquele homem, tatuados, marcados, fortes. Agradeci, com a pressão baixa, e provavelmente pálida, e me sentei. Ele, simples, sem malas, sentou também. Na fileira oposta, uma ou duas poltronas atrás. Com a minha poltrona reclinada, havia uma linha reta entre nossos olhares. Tudo que eu quis foi que nesso vôo, sobrassem lugares. Não sobraram. Viemos nos fitando, por essa linha imaginária, cruzando os olhares, como numa encruzilhada. Da qual ninguém quis sair "todos os caminhos, nenhum caminho..." Horas a fio... Não dormimos, não falamos, não nos levantamos. Apenas nos olhamos. A madrugada virou dia, virou o amanhecer mais lindo que eu já vi também... O universo concordava comigo. Ele era, era ele... O avião pousou, e saímos, um para cada lado. E meu olhar perdeu para sempre a melhor visão de todas, a melhor troca. Inconformado, procurava aflito. Eu via, no chão, todas as pessoas que estavam no avião. Menos "ele". Chovia, fino e gelado. Entrei no carro, e voltei à vida. Foi sonho? Não sei... Não sei o nome dele, e muito menos se algum dia, outra vez o verei... Diz que o mundo é pequeno... Do que eu conheço é bem grande... Quem sabe? Que importa? Eu não esquecerei... E, tomara, sonharei! Grande ou pequeno, sei que o mundo gira... Talvez outra hora, ele volte para minha mira...
XX
urgência, precipitação...
mais uma vez o ar,
quem me dá a direção
- que veio agora soprar?
e da escrita que urge,
o que cada letra esconde?
cada palavra que surge
e se perde, vai pra onde?
(não importa qual questão
o vento nunca responde:
- vem de sopro a solução)
não mais caio em aflição:
- vento, és meu caminho,
flutuo leve, sem direção!
mais uma vez o ar,
quem me dá a direção
- que veio agora soprar?
e da escrita que urge,
o que cada letra esconde?
cada palavra que surge
e se perde, vai pra onde?
(não importa qual questão
o vento nunca responde:
- vem de sopro a solução)
não mais caio em aflição:
- vento, és meu caminho,
flutuo leve, sem direção!
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
pedindo axé (ou 4, 3, 2, 1...)
Oyá - meu caminho, soprou uma nova direção!
Odé, me segura, firma meu pé no chão!
Oraiêiêô Oxum, acalma meu coração!
Patakori Ogum! dai-me força, pra tanta transformação...
Odé, me segura, firma meu pé no chão!
Oraiêiêô Oxum, acalma meu coração!
Patakori Ogum! dai-me força, pra tanta transformação...
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
domingo, 5 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
à dor!
tem dias que eu minto
que só eu é que sinto dor
tem dias que a dor
que não dói no mundo
me sente e me segue
e eu a acolho
porque aqui ela cabe
(eu a encolho)
encolhida, ela se enrosca
e dorme...
adormecer toda a dor
que acorda no mundo
nem dói...
fecho os olhos, e choro
deixo as lágrimas que revelem
o que minha dor constrói
que só eu é que sinto dor
tem dias que a dor
que não dói no mundo
me sente e me segue
e eu a acolho
porque aqui ela cabe
(eu a encolho)
encolhida, ela se enrosca
e dorme...
adormecer toda a dor
que acorda no mundo
nem dói...
fecho os olhos, e choro
deixo as lágrimas que revelem
o que minha dor constrói
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