clarissa pinkola estés
domingo, 31 de outubro de 2010
cruzado (ou "cruzando a linha das senhoras")
então, depois de um sonho, de um transe de sonho, acordo e tenho que agora compreendi a dança das senhoras daquela jurema... uma a uma fomos colocadas em nossos lugares, e naquela formação, era natural que todas soubéssemos o que fazer, embora ninguém nunca tivesse nos ensinado propriamente... éramos um círculo vibratório, seguido por mais um círculo, outra linha, porém, compartilhando os elementos...
sábado, 30 de outubro de 2010
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
da carne
VI
O que é a carne? O que é esse Isso
Que recobre o osso
Este novelo liso e convulso
Esta desordem de prazer e atrito
Este caos de dor dobre o pastoso.
A carne. Não sei este Isso.
O que é o osso? Este viço luzente
Desejoso de envoltório e terra.
Luzidio rosto.
Ossos. Carne. Dois Issos sem nome.
(Hilda Hilst - Da Noite)
O que é a carne? O que é esse Isso
Que recobre o osso
Este novelo liso e convulso
Esta desordem de prazer e atrito
Este caos de dor dobre o pastoso.
A carne. Não sei este Isso.
O que é o osso? Este viço luzente
Desejoso de envoltório e terra.
Luzidio rosto.
Ossos. Carne. Dois Issos sem nome.
(Hilda Hilst - Da Noite)
Evolução
Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...
Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paúl, glauco pascigo...
Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...
Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.
(Antero de Quental, in "Sonetos")
tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...
Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paúl, glauco pascigo...
Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...
Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.
(Antero de Quental, in "Sonetos")
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
os meninos
O MENINO QUE CARREGAVA ÁGUA NA PENEIRA
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que vazios são maiores
e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira.
Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagebs com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
o menino fazia prodígos.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.
CANÇÃO DO VER
Por viver muitos anos
dentro do mato
Moda ave
O menino pegou
um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava
as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam.
As coisas todas inominadas.
Água não era ainda a palavra água.
Pedra não era ainda a palavra pedra. E tal.
As palavras eram livres de gramáticas e
Podiam ficar em qualquer posição.
Por forma que o menino podia inaugurar.
Podia dar as pedras costumes de flor.
Podia dar ao canto formato de sol.
E, se quisesse caber em um abelha, era só abrir a palavra abelha
e entrar dentro dela.
Como se fosse infância da língua.
("Poemas Concebidos Sem Pecado - Manoel de Barros)
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que vazios são maiores
e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira.
Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagebs com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
o menino fazia prodígos.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.
CANÇÃO DO VER
Por viver muitos anos
dentro do mato
Moda ave
O menino pegou
um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava
as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam.
As coisas todas inominadas.
Água não era ainda a palavra água.
Pedra não era ainda a palavra pedra. E tal.
As palavras eram livres de gramáticas e
Podiam ficar em qualquer posição.
Por forma que o menino podia inaugurar.
Podia dar as pedras costumes de flor.
Podia dar ao canto formato de sol.
E, se quisesse caber em um abelha, era só abrir a palavra abelha
e entrar dentro dela.
Como se fosse infância da língua.
("Poemas Concebidos Sem Pecado - Manoel de Barros)
Bahia de Todos os Santos e de Quase Todos os Pecados
Bahia de Todos os Santos (e de quase todos os pecados)
casas trepadas umas por cima das outras
casas, sobrados, igrejas, como gente se espremendo pra sair num retrato de revista ou jornal
(vaidade das vaidades! diz o Eclesiastes)
igrejas gordas (as de Pernambuco são mais magras)
toda a Bahia é uma maternal cidade gorda
como se dos ventres empinados dos seus montes
dos quais saíram tantas cidades do Brasil
inda outras estivessem para sair
ar mole oleoso
cheiro de comida
cheiro de incenso
cheiro de mulata
bafos quentes de sacristias e cozinhas
panelas fervendo
temperos ardendo
o Santíssimo Sacramento se elevando
mulheres parindo
cheiro de alfazema
remédios contra sífilis
letreiros como este:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo
(Para sempre! Amém!)
automóveis a 30$ a hora
e um ford todo osso sobe qualquer ladeira
saltando pulando tilintando
pra depois escorrer sobre o asfalto novo
que branqueja como dentadura postiça em terra encarnada
(a terra encarnada de 1500)
gente da Bahia! preta, parda, roxa, morena
cor dos bons jacarandás de engenho do Brasil
(madeira que cupim não rói)
sem rostos cor de fiambre
nem corpos cor de peru frio
Bahia de cores quentes, carnes morenas, gostos picantes
eu detesto teus oradores, Bahia de Todos os Santos
teus ruisbarbosas, teus otaviosmangabeiras
mas gosto das tuas iaiás, tuas mulatas, teus angus
tabuleiros, flor de papel, candeeirinhos,
tudo à sombra das tuas igrejas
todas cheias de anjinhos bochechudos
sãojões sãojosés meninozinhosdeus
e com senhoras gordas se confessando a frades mais magros do que eu
O padre reprimido que há em mim
se exalta diante de ti Bahia
e perdoa tuas superstições
teu comércio de medidas de Nossa Senhora e de Nossossenhores do Bonfim
e vê no ventre dos teus montes e das tuas mulheres
conservadores da fé uma vez entregue aos santos
multiplicadores de cidades cristãs e de criaturas de Deus
Bahia de Todos os Santos
Salvador
São Salvador
Bahia
Negras velhas da Bahia
vendendo mingau angu acarajé
Negras velhas de xale encarnado
peitos caídos
mães das mulatas mais belas dos Brasis
mulatas de gordo peito em bico como pra dar de mamar a todos os meninos do Brasil.
Mulatas de mãos quase de anjos
mãos agradando ioiôs
criando grandes sinhôs quase iguais aos do Império
penteando iaiás
dando cafuné nas sinhás
enfeitando tabuleiros cabelos santos anjos
lavando o chão de Nosso Senhor do Bonfim
pés dançando nus nas chinelas sem meia
cabeções enfeitados de rendas
estrelas marinhas de prata
tetéias de ouro
balangandãs
presentes de português
óleo de coco
azeite-de-dendê
Bahia
Salvador
São Salvador
Todos os Santos
Tomé de Sousa
Tomés de Sousa
padres, negros, caboclos
Mulatas quadrarunas octorunas
a Primeira Missa
os malês
índias nuas
vergonhas raspadas
candomblés santidades heresias sodomias
quase todos os pecados
ranger de camas-de-vento
corpos ardendo suando de gozo
Todos os Santos
missa das seis
comunhão
gênios de Sergipe
bacharéis de pince-nez
literatos que lêem Menotti del Picchia e Mário Pinto Serpa
mulatos de fala fina
muleques
capoeiras feiticeiras
chapéus-do-chile
Rua Chile
viva J. J. Seabra morra J. J. Seabra
Bahia
Salvador
São Salvador
Todos os Santos
um dia voltarei com vagar ao teu seio moreno brasileiro
às tuas igrejas onde pregou Vieira moreno hoje cheias de frades ruivos e bons
aos teus tabuleiros escancarados em x (êsse x é o futuro do Brasil)
a tuas casas a teus sobrados cheirando a incenso comida alfazema cacau.
(Gilberto Freyre)
terça-feira, 26 de outubro de 2010
fluida
À flor da pele de meus versos correm rios de sangue. Minha rima tem veias, que a fazem viva. Minha prosa tange marés, enchente e vazante, num fluxo cíclico e contínuo. E quando o sangue não mancha palavras, lágrimas umedecem frases, dando liga à poesia. Verso o amor tranquilo, suave feito garoa. À margem da dor transcrevo sons de trovão. Sonho acordada olhando a lua, e mudo com ela a cada nova fase. Fluida, escrevo gotas de luz, para aclarar minhas sombras.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
da noite
"Estou dentro dos grandes sonhos da noite: pois o agora-já é de noite. E canto a passagem do tempo: sou ainda a rainha dos medas e dos persas e sou também a minha lenta evolução que se lança como uma ponte levadiça num futuro cujas névoas leitosas já respiro hoje. Minha aura é mistério de vida. Eu me ultrapasso abdicando de mim e então sou o mundo: sigo a voz do mundo, eu mesma de súbito com voz única."
(Clarice Lispector)
(Clarice Lispector)
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
do branco
Branco, branco, muito branco, tudo branco.
Agô, que eu vou chegar! Agô, que eu quero entrar!
Do lado de cá é outra história...
Onde fica meu lugar?
Pra onde eu vou quando acabar?
Pronto começou...
Sei tudo sem aprender nada
O corpo age, enquanto a mente cala
Faz frio, e sinto calor
Tudo vibra...
Como a pele do tambor...
Daqui, já não sinto a energia chegar.
Aqui ela é. Aqui ela está.
Aqui eu sou ela. Parte dela.
Daqui, sinto ela passar.
Por mim.
Me atravessar.
Daqui, sinto.
Aqui, nem sou eu.
Nem meu corpo, mais, é meu.
E ainda assim, sinto.
E me entrego.
Assim, crua.
De branco, e pé no chão.
Agô, que eu vou chegar! Agô, que eu quero entrar!
Do lado de cá é outra história...
Onde fica meu lugar?
Pra onde eu vou quando acabar?
Pronto começou...
Sei tudo sem aprender nada
O corpo age, enquanto a mente cala
Faz frio, e sinto calor
Tudo vibra...
Como a pele do tambor...
Daqui, já não sinto a energia chegar.
Aqui ela é. Aqui ela está.
Aqui eu sou ela. Parte dela.
Daqui, sinto ela passar.
Por mim.
Me atravessar.
Daqui, sinto.
Aqui, nem sou eu.
Nem meu corpo, mais, é meu.
E ainda assim, sinto.
E me entrego.
Assim, crua.
De branco, e pé no chão.
domingo, 17 de outubro de 2010
A UM CARNEIRO MORTO
Misericordiosíssimo carneiro
Esquartejado, a maldição de Pio
Décimo caia em teu algoz sombrio
E em todo aquele que for seu herdeiro!
Maldito seja o mercador vadio
Que te vender as carnes por dinheiro,
Pois, tua lã aquece o mundo inteiro
E guarda as carnes dos que estão com frio!
Quando a faca rangeu no teu pescoço,
Ao monstro que espremeu teu sangue grosso
Teus olhos - fontes de perdão - perdoaram!
Oh! tu que no Perdão eu simbolizo,
Se fosses Deus, no Dia de Juízo,
Talvez perdoasses os que te mataram!
Esquartejado, a maldição de Pio
Décimo caia em teu algoz sombrio
E em todo aquele que for seu herdeiro!
Maldito seja o mercador vadio
Que te vender as carnes por dinheiro,
Pois, tua lã aquece o mundo inteiro
E guarda as carnes dos que estão com frio!
Quando a faca rangeu no teu pescoço,
Ao monstro que espremeu teu sangue grosso
Teus olhos - fontes de perdão - perdoaram!
Oh! tu que no Perdão eu simbolizo,
Se fosses Deus, no Dia de Juízo,
Talvez perdoasses os que te mataram!
Augusto dos Anjos
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Ventania
Aqui a ventania não dorme,
com suas mãos crepitantes,
seus guizos,
seus adereços de campainhas eóleas.
Dia e noite vagueia pelos parques e pelas ruas,
a ventania
Sacode as alvas roupas que os lavadeiros estendem,
inclina as flores,
levantas folhas secas
alisa a poeira amarela,
açula gatos e cães,
revolve os cabelos dos homens,
incha os imensos véus das mulheres de olhos vítreos,
apalpa as areias, as pedras, as sementes caídas,
espia dentros dos ninhos, brune os pequenos ovos,
tufa a penugem dos pássaros,
balança as plantas,
entontece as árvores:
a ventania.
(Meireles, Cecília)
com suas mãos crepitantes,
seus guizos,
seus adereços de campainhas eóleas.
Dia e noite vagueia pelos parques e pelas ruas,
a ventania
Sacode as alvas roupas que os lavadeiros estendem,
inclina as flores,
levantas folhas secas
alisa a poeira amarela,
açula gatos e cães,
revolve os cabelos dos homens,
incha os imensos véus das mulheres de olhos vítreos,
apalpa as areias, as pedras, as sementes caídas,
espia dentros dos ninhos, brune os pequenos ovos,
tufa a penugem dos pássaros,
balança as plantas,
entontece as árvores:
a ventania.
(Meireles, Cecília)
(obscura)
"A tua raça de aventura
quis ter a terra, o céu, o mar.
Na minha, há uma delícia obscura
em não querer, em não ganhar...
A tua raça quer partir,
guerrear, sofrer, vencer, voltar.
A minha não quer ir nem vir.
A minha raça quer passar."
(Epigrama, Cecília Meireles)
quis ter a terra, o céu, o mar.
Na minha, há uma delícia obscura
em não querer, em não ganhar...
A tua raça quer partir,
guerrear, sofrer, vencer, voltar.
A minha não quer ir nem vir.
A minha raça quer passar."
(Epigrama, Cecília Meireles)
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
do Destino:
" - O curso do destino de um guerreiro é inalterável. O desafio é o quão longe ele pode ir dentro desses limites rígidos, o quão impecável ele pode ser dentro desses limites rígidos. Se há obstáculos no seu caminho, o guerreiro luta impecavelmente para ultrapassá-los. Se acha dificuldades e dores insuportáveis no seu caminho ele chora, mas todas as suas lágrimas juntas não movem a linha do destino nem um milímetro."
(Don Juan matus, em "O Presente da Águia - de Carlos Castaneda)
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Demora-te sobre a minha hora.
Antes de me tomar, demora.
Que tu me percorras cuidadosa, etérea
Que eu te conheça lícita, terrena
Duas fortes mulheres
Na sua dura hora.
Que me tomes sem pena
Mas voluptuosa, eterna
Como as fêmeas da Terra.
E a ti, te conhecendo
Que eu me faça carne
E posse
Como fazem os homens.
(Hilda Hilst, Da morte. Odes mínimas, 1980)
Que tu me percorras cuidadosa, etérea
Que eu te conheça lícita, terrena
Duas fortes mulheres
Na sua dura hora.
Que me tomes sem pena
Mas voluptuosa, eterna
Como as fêmeas da Terra.
E a ti, te conhecendo
Que eu me faça carne
E posse
Como fazem os homens.
(Hilda Hilst, Da morte. Odes mínimas, 1980)
terça-feira, 5 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
awake ghost song
Is everybody in?
Is everybody in?
Is everybody in?
The ceremony is about to begin.
Wake up!
You cant remember where it was
Had this dream stopped?
Awake
Shake dreams from your hair
My pretty child, my sweet one.
Choose the day and choose the sign of your day
The days divinity
First thing you see.
A vast radiant beach in a cool jeweled moon
Couples naked race down by its quiet side
And we laugh like soft, mad children
Smug in the wooly cotton brains of infancy
The music and voices are all around us.
Choose they croon the ancient ones
The time has come again
Choose now, they croon
Beneath the moon
Beside an ancient lake
Enter again the sweet forest
Enter the hot dream
Come with us
Everything is broken up and dances.
(Jim Morrison)
Is everybody in?
Is everybody in?
The ceremony is about to begin.
Wake up!
You cant remember where it was
Had this dream stopped?
Awake
Shake dreams from your hair
My pretty child, my sweet one.
Choose the day and choose the sign of your day
The days divinity
First thing you see.
A vast radiant beach in a cool jeweled moon
Couples naked race down by its quiet side
And we laugh like soft, mad children
Smug in the wooly cotton brains of infancy
The music and voices are all around us.
Choose they croon the ancient ones
The time has come again
Choose now, they croon
Beneath the moon
Beside an ancient lake
Enter again the sweet forest
Enter the hot dream
Come with us
Everything is broken up and dances.
(Jim Morrison)
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