sexta-feira, 30 de julho de 2010
"que seja doce"
quinta-feira, 29 de julho de 2010
quarta-feira, 28 de julho de 2010
"Pleased to meet you, hope you guess my name"
Eu sou aquela...
Sou outra.
Mas não a outra...
E entretanto,
entre tantas,
(que nem ele sabe quantas)
sou eu, quem ele não esqueceu...
Muito prazer, sou eu,
aquela que você leu...
Sou eu naquelas linhas,
que eu mesma nunca li,
e no entanto são tão minhas...
Sou eu também,
na parede e na estante.
Sou quem o tempo guardou.
(sumi quando meu tempo acabou)
Mas sou eu, ainda que distante.
Tem muito de mim naquelas linhas,
muito mais do que nas minhas...
Sou eu, sou eu mesma!
Só que não sou mais a mesma...
E sou eu, e nunca fui dele...
nem tampouco ele foi meu...
Ainda assim, fomos.
(e ainda somos)
Mas esse conto, inacabado,
não é dele nem é meu...
Essa história sem futuro,
que ainda vive do passado,
foi o acaso quem escreveu.
SEGREDO
"Se for um desejo... eu peço pra me guiar
Se for um segredo... eu deixo me carregar
Se faltar coragem...eu rezo pra abençoar
(...)
Tanto faz agora... a hora de te encontrar
As nuvens que vêm e vão, enganam meu coração"
terça-feira, 27 de julho de 2010
poesia quente para um dia frio
Enquanto faço o verso, tu decerto vives.
Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.
Dirás que sangue é o não teres teu ouro
E o poeta te diz: compra o teu tempo
Contempla o teu viver que corre, escuta
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.
Enquanto faço o verso, tu que não me lês
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:
“Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas”.
Irmão do meu momento: quando eu morrer
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:
MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que o teu ouro não compra,
E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto
Não cabe no meu canto.
(Hilda Hilst)
O Tempo passa? Não passa
Não passa no abismo do coração
lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.
O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.
O meu tempo e o teu
transcedem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.
Pois só quem ama escutou
o apelo da eternidade".
(Carlos Drummond de Andrade)
domingo, 25 de julho de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Tempo tempo tempo tempo...
...
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo
Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que eu te digo
Tempo tempo tempo tempo
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definitivo
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo
O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo
quinta-feira, 22 de julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
"dá licença" (ou "da obrigação")
tempo, tempo...
que passa e que vem
eu olho para o tempo agora
e vejo sempre além
tempo, tempo...
és meu, Tempo,
de mais ninguém!
terça-feira, 20 de julho de 2010
Daqui estou vendo o amor
A Verdade
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade,
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meios perfis
E os meios perfis não coincidiam verdade...
Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta,
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual
a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela
E carecia optar.
Cada um optou conforme
Seu capricho,
sua ilusão,
sua miopia.
domingo, 18 de julho de 2010
mais do 3
um, eu sozinha...
sem ter com quem falar
quietinha
sem ter a quem obedecer
...muito na minha
dois é mais,
um pouco, mas
ainda é pouco...
não basta
dois é par
na vez de um
outro há de faltar
três, então,
quem sabe fica bom...
três? talvez...
cada um na sua vez!
três, vai por mim
é simples assim,
eu e vocês...
abrindo o jogo
e por meio de Exú,
(ah! Laroyê!)
o primeiro a falar:
foi Omulú
(Atotô Obaluaê!)
...do tempo kármico, de tudo que veio antes
mandou chamar Xangô,
(Kaô Kabecilé)
que logo trovejou
o rei chegou no Ilê
(Kaô, majestade, Kaô!)
...do masculino, da ordem, do equilíbrio
então, Logun Edé
(Logun Ô!)
príncipe das metades
em festa chegou
assoviando verdades
...do processo, do percurso e da atitude
Ogum, chegou pra batalha
(Patakori, Ogunhê!)
do metal, do fio da navalha,
Saravá, Ogum, Ogunhê!
...da luta, e para a luta, fortalecendo
Oxum, com seu espelho
(Oraieieô!)
refletindo todo o amor,
sorriu no tabuleiro
...do feminino, da energia doadora, fértil
E o jogo terminou!
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Amante da Algazarra
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto.
É ela !!!
Todo mundo sabe, sou uma lisa flor de pessoa,
Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de figueira.
Esta amante da balbúrdia cavalga encostada ao meu sóbrio ombro
Vixe!!!
Enquanto caminho a pé, pedestre -- peregrino atônito até a morte.
Sem motivo nenhum de pranto ou angústia rouca ou desalento:
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto
E se apossou do estojo de minha figura e dela expeliu o estofo.
Quem corre desabrida
Sem ceder a concha do ouvido
A ninguém que dela discorde
É esta
Selvagem sombra acavalada que faz versos como quem morde.
(Waly Salomão)
.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Para que despertar?
ó doce Despertar
e afugentaste o sonho destas pálpebras
cansadas de sonhar!
"Vejo que se apagou a minha lâmpada,
dês que a aurora lançou a luz em meu redor,
diz-me ó Despertar, - o sono mau da vida
acaso irei trocar por um sono pior?...
"Diz-me, enfim: - que diferença póde
por ventura existir
entre o meu despertar e o meu dormir,
se dormindo me vejo entre ilusões
e se estando acordado apenas vejo
mentirosas visões?
foi assim, o tempo fechou.
virou tarde toda de chuva...
noite de chuva,
manhã de mais chuva,
semana inteira de chuva.
é...
o tempo fechou!
quarta-feira, 14 de julho de 2010
da loucura
Jack Kerouac
se tem brilho nos meus olhos...
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho."
(Vladímir Maiakóvski)
segunda-feira, 12 de julho de 2010
"cuidado com o arisco, senão ele foge"
(Caio Fernando Abreu)
domingo, 11 de julho de 2010
das mulheres e dos ventos (post 777)
"O vento move-se dentro do corpo de uma mulher (...) é assim porque as mulheres têm útero. Uma vez dentro do útero, o vento nos pega e diz para fazermos as coisas. Quanto mais sossegada e descontraída a mulher, melhores os resultados. Pode-se dizer que de repente a mulher começa a fazer coisas que não sabia absolutamente fazer.Há quatro ventos, assim como há quatro direções. Isso, claro, é para os feiticeiros e o que fazem os feiticeiros. Quatro para eles é um número de poder. O primeiro vento é a brisa, a manhã. Traz a esperança e a luz: é o arauto do dia. Vem e vai e entra em tudo. Às vezes é suave e passa despercebido; outras vezes é insistente e aborrecido. “Outro vento é o vento duro, ou quente ou frio, ou ambos. Um vento do meio-dia. Soprando cheio de energia, mas também cheio de cegueira. Passa através das portas e derruba paredes, Um feiticeiro tem de ser muito forte para lidar com o vento duro”. “Depois temos o vento frio da tarde. Triste e difícil. Um vento que nunca quer nos deixar em paz. Esfria a pessoa a faz chorar. (...) ele tem tal profundidade, porém, vale bem a pena procurá-lo”. “E por fim há o vento quente. Aquece e protege e envolve tudo. E um vento da noite para os feiticeiros. O poder dele anda junto com as trevas”. “São esses os quatro ventos. Também estão ligados aos quatro pontos cardeais. A brisa é o leste. O vento frio é o oeste. O vento duro é o norte. O quente é o sul”. Os quatro ventos também têm personalidades. A brisa é alegre, insinuante e astuta. O vento frio é temperamental, melancólico e sempre pensativo. O vento quente é feliz, largado e saltitante. O vento duro é enérgico, dominador e impaciente. (...) os quatro ventos são mulheres. É por isso que as guerreiras os procuram. Os ventos e as mulheres são iguais. É por isso também que as mulheres são melhores do que os homens. Eu diria que as mulheres aprendem mais depressa quando se agarram a seu vento específico. Se a mulher sossega e não fica falando consigo, o vento dela a apanhará, assim."
(Carlos Castaneda, em "O Segundo Círculo do Poder")
sábado, 10 de julho de 2010
+ palavras emprestadas ou "do Tédio"
"Não precisa se desgastar, a resposta não está muito longe, é bem simples e está na ponta da minha língua. Resume-se a uma única palavra, Tédio. As tardes e os dias e os trabalhos escolares, Tédio! O horizonte em que Camões navegou os 7 mares, Tédio! As igrejas as praças e os dias de domingo, Tédio! As matas, as florestas e as reservas dos índios, Tédio! as manhãs, as tardes e os dias parecem sempre iguais e as horas se atrasam a não poder mais. Com seu hálito morno, o alcance do comum, entorpece o coração, enfraquece qualquer um. e não, não não há escapatória, está no dicionário e nos livros de história. Do tédio vieste e ao tédio retornarás, do marasmo e da mesmice nunca escaparás."
(Axel Weisz, em "Daniel")
chega de poesia nada mr. weisz,
que essa prosa poética tá demais
sexta-feira, 9 de julho de 2010
a night flight sonnet
if you come, be welcome,
to a dream's night flight
the darkness, our home
you've better stretch your wings
to stay by my side
because there are some things
that shadows use to hide
my owl's eyes can see too far
and also through the smoke
are you able to believe?
don't be afraid of what we are
just feel the wind's stroke
everytime that you breath
In Flames
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Árvore de Inverno II
mais do Tempo...
único que me resiste
e tudo quanto invento
somente ali existe
tempo que se esconde:
entre o agora há pouco
e o daqui a pouco
o nome dele é presente,
mas eu, chamo de já
porque "agora" já passou
e um novo "já" começou
Bom Dia Sem Companhia
bom dia sol na cara!
bom dia taças de ontem
bom dia, vela queimada!
bom dia bagunça que eu fiz,
e tchau, que eu tô atrasada!
quarta-feira, 7 de julho de 2010
terça-feira, 6 de julho de 2010
girei na gira de moça que gira
e tenho o da hora
(ainda assim, quero tudo,
e quero agora!)
e seja feliz você também
domingo, 4 de julho de 2010
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Árvore de Inverno
um pressentimento,
uma prévia...
previsão:
conhecido o caminho do vento
findas as lindas tardes de outono
é tempo do frio que incita o sono
espera as flores na próxima estação
dias de chuva e noites quentes no verão...
mas do tempo que faz curva
e troca o céu de lugar com o chão
desse, toda impressão é turva
nem árvore tem essa noção...